Abstract
Dentre as abordagens teóricas mais conhecidas que tem fundamentado as políticas de ciência, tecnologia e inovação nos países desenvolvidos e em desenvolvimento estão as chamadas Tripla Hélice (Etzkovitz e Leydesdorff, 2000), a NPK - New Production of Knowledge (Gibbons et. AL,1994) e principalmente os Sistemas Nacionais de Inovação (Freeman, 1995). Todas elas colocam como atores principais dos processos de inovação o Estado, as Universidades e as Empresas. Existe uma produção analítica consistente sobre o papel do Estado e das universidades nesse processo, assim como estudos que focam exclusivamente nos desafios que representam as interações entre universidades e empresas. Entretanto, do ponto de vista sociológico, pouco se produziu a respeito do papel dos empresários nesse processo. Desse modo, se torna crucial um alargamento das agendas de pesquisa que tenham a inovação como foco, para identificar as possibilidades de uma abordagem sociológica multidimensional sobre o papel exercido pelos empresários nos processos de inovação. Assim, o objetivo deste trabalho é justamente mapear essas possibilidades de pesquisa. A multidimensionalidade dessa abordagem diz respeito aos diversos recortes teóricos e metodológicos possíveis, assim como à extensão do campo a ser pesquisado, ou seja, se será um estudo que leve em conta o empresariado de determinado setor da economia, de determinada região do país ou do mundo, se serão microempresas ou multinacionais, o papel das associações e sindicatos patronais, enfim, todas as possibilidades que podem ser encontradas na divisão do trabalho entre capitalistas. Com esse mapeamento de possibilidades de pesquisa, pretende-se criar pontes entre toda uma tradição de estudos sobre ciência, tecnologia e inovação, em especial as abordagens mais influentes nas políticas públicas para o setor, com as análises sociológicas sobre o empresariado e/ou a burguesia, de forma que a sociologia possa continuar contribuindo de forma crítica na construção das políticas de inovação.